Retrospectiva 2016

E esses dias eu chorei. Chorei como um bebê. Chorei como há tempos.
Porque fiz a retrospectiva mental do ano. É só conseguia sentir falta do meu pai.
Geralmente o ano novo passávamos nós. Em casa. Dessa vez... Estava um buraco.

Agora estou casada há dois meses.
Fiquei pensando em como poderia ser o ano novo.
Tinha esperanças de fazer esse ano novo com a família do meu pai. Já que o natal passamos (Fabi, mamãe tb) com a família do meu marido.
Mas, aconteceu que decidiram não fazerem grandes festas. Já que haviam feito o natal em família fizeram o ano novo com outras famílias.
Então ficamos sem destino. Particularmente me senti bem desamparada. Tomei o sentimento de desamparo pela minha mãe e minha irmã.
O Edson tinha uma possibilidade de destino. A família da mãe dele iria se reunir.
Então a semana que antecedeu o natal pra mim foi muito tensa, a pior, aguardava convites pra minha mãe e irmã terem destino mas nada...
Comecei a ter até crises de ansiedade, choros, tonturas, falta de ar.
Até chegar no dia 29.
Explodi em choro. Estava sentida por elas não terem destino. Estava dividida porque deveria acompanhar meu marido. Ele não tem culpa. 
Coitado, casado há dois meses e agüentando uma esposa em luto há 6 meses.
...(pausa)
Nossa... Já fazem 6 meses que meu papai se foi. Esses dias tenho sonhado com ele.
Tenho assistido alguns vídeos que falam sobre o luto. Isso tem me ajudado a lidar com a dor. Percebi que pessoas que não passaram pelo luto de um familiar próximo não entende. E não tem culpa de não entenderem. Às vezes são inconvenientes. Falam coisas que doem, mas não percebem que machucaram. Simplesmente porque não sabem, nunca passaram por isso. Eu não posso condená-los. Eu preciso ser compreensiva.
Mas que dá vontade de mandar "tomar no cú", dá sim.
(Voltando da pausa)

Quando explodi em choro minha mãe sempre sábia e nunca deixando a "peteca cair", me disse que eu era "boba" por chorar tanto. Que não precisava ficar tão sentida assim por elas. Que estava tudo bem. Que na vida a gente precisa aprender a "dançar conforme a música". E que não há problema nisso. Que eu deveria acompanhar meu marido e não pensar tanto nelas. Porque isso era o certo. E que elas iam ficar bem.

Eu estava com pena da Fabi. Ela queria ter passado o dia 25 na casa da minha tia com o pessoal da família do meu pai. Mas como meus sogros tinham alugado o salão pra dois dias contando com minha mãe e minha irmã, achei melhor passarmos com eles.
No ano novo falei que passaríamos com a família do meu pai.

Então chegou o dia 31 (hoje... QR dizer ontem - são 2h).
Meu marido não disse uma palavra, ele sabia da minha tristeza. Ele viu minha crise de choro. Não me obrigou a nada.
Minha mãe disse que iria pro culto na Batista do Povo e depois sairia pra jantar com a Fabi.
Eu fiquei depressiva, jogada na cama desde cedo até às 17:00...
Quando levantei tinha um bilhete na mesa da cozinha, elas já tinham saído.
O Ed estava com fome, comeu um moti. Eu falei então se iríamos no primo dele. Ele falou que poderíamos ir sim. Fui tomar banho e comecei a me arrumar.

No fundo eu achava uma boa ideia ir, porque o Ed iria ficar feliz em ver sua família. Eu também iria me distrair.

E assim, entre os familiares do Ed vi os fogos de artifício, fui bem recebida, como sempre, na família. Brinquei com cachorrinhos, vi crianças se divertindo, me distraí, meu primeiro "feliz ano novo", foi do meu marido...Que em todo (todo, todo, todo) tempo fazia de tudo pra me deixar feliz essa semana. E com um beijo bem sincero ele me abraçou, e eu vi o quanto eu era privilegiada.

Horas antes no Facebook eu havia dito que 2016 foi o pior ano da minha vida, porque foi o ano que meu papai foi embora de maneira tão repentina... Mas as lágrimas não me deixavam ver o marido que Deus me deu esse ano.
É injusto eu dizer que foi o pior ano.
Porque Deus me deu uma família.
Casar é fazer família.
E me deu um marido que cuida do meu coração. Que tem paciência com minhas dores, que me faz rir a todo custo. Que sorriu, me abraçou e me desejou um feliz ano novo antes de dormir. É um presente. E de verdade, o que eu espero é que 2017 Seja Novo.
Que Deus faça coisas novas. Renove, tire o pranto e dê vestes de louvor.

Deus deu também bons cunhados. Sou grata por eles também se preocuparem com meu bem estar. Sou grata.

Espero em Deus todo o consolo que transforme a dor, que me ensine que está tudo bem quando o caos se instala. 

Cristo, fica comigo nesse ano de 2017, abre os meus olhos pra enxergar as obras das Tuas mãos, sentir o seu imenso amor, e agir de fé em fé. Não ser guiada pelo medo, ou pela dor, mas tão somente pela fé. Fé inabalável. Anda comigo em todos os passos de 2017.

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