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Carta para o meu pai

Oi Paizinho. Já faz um tempo que eu sinto sua falta. Hoje foi um dia apertado. Queria tanto que você estivesse aqui. Eu sei que a gente tinha o temperamento tão parecido que as vezes saía faísca. E muitas vezes eu não entendia seu modo de pensar. Mas agora eu entendo que vc só queria me proteger... Senti muita raiva por vc não ter esperado para ir no meu casamento e não ter me levado ao altar. Mas eu sei que não foi sua escolha... Então fiquei chateada com Deus por ter te levado tão cedo. Senti remorso por não ter te mostrado meu vestido pq queria te fazer surpresa. Devia ter te mostrado... Queria tanto ter te dado netos... As coisas andam estranhas depois que vc se foi. Sua ida tão repentina já faz 3 anos, e ainda não consegui me acostumar. A dor no peito diminuiu, mas o vazio ainda está lá. Às vezes ainda acho que vc vai voltar, que vou ouvir vc andando de chinelo pela casa. Mas vc não voltou, e a saudade aperta demais. Não tenho ouvido mais histórias de pesca, nem de como deve

Era uma vez

Ando sentindo muita necessidade de escrever. Estou meio apatica. Sem vontade de nada. Esses dias li o Diário de Anne Frank. Uma garota judia que sofreu os horrores da perseguição. Passar por dificuldade. Escrever é uma forma de aliviar o cansaço da cabeça e colocar o stress no papel. Também uma maneira de organizar os pensamentos. Tenho me sentindo muito triste. Muito sensível. Carente. Qualquer fagulha de atenção que recebo eu agarro com toda força. Lendo a última postagem percebo que são dificuldades semelhantes. Parece que eu vivo em ciclos. Por que me sentir tão emocionalmente distante. Por que buscar carinho e atenção desesperadamente. Pra que tanta carência? Fico na defensiva no trabalho. Me afasto. Parei com meus remédios. Acho que meus hormônios estão a mil. Deve ser isso. Por conta disso e por ouvir falar tão bem de terapias estou buscando isso. Pra esse final de ano ficaria muito em cima então a partir de janeiro começamos a ver isso.

Por outro prisma.

Respeito muito a opinião do meu marido. Casei com ele pela admiração extrema por ter ao lado alguém com um coração tão bom, ser tão bem humorado e ainda assim centrado nos pensamentos e atitudes. Ele é assim. E minha opinião sobre ele, e admiração não mudaram. Ainda tenho certeza de ter me casado com o melhor homem que conheci. Conversando com ele sobre dois assuntos, vi como meu modo de pensar estava muito limitado ao vitimismo ao invés de enxergar além de mim e das minhas necessidades. Percebi que preciso aprender a ver como meu pai se foi de maneira tranquila e ser grata por isso. Em casa, com a família, sem passar longo tempo em hospital, sem sofrer por um longo período, foi repentino. Ele estava feliz, estava sendo cuidado, paparicado. Não foi abandonado, estava em paz e bem. A dor foi minha, da minha família, dos seus irmãos, mas ele... Ele estava bem e assim ele foi. A salvação dele, só Deus sabe. Eu não posso viver me martirizando, eu acho que nem é isso que Deus

Aprendendo, lidando.

Hoje estou bastante pensativa. Aquela angústia terrível está indo embora. As vezes a tristeza vem chegando como uma onda na praia, mas, exatamente como a onda, ela se vai. São momentos como hoje. Fomos convidados pela minha tia para participarmos do aniversário do meu tio. Amo minha família Matsuyama, me preocupo e me sinto feliz pelo convite. Mas é sempre estranha a sensação de estar com eles e meu pai não estar. Quando falta um ente muito próximo, é muito estranho. Parece que ele sumiu, que foi viajar e já volta... eu ainda lembro do cheiro do meu pai, do jeito macio do cabelo dele quando eu mexia, dos ossos dele quando eu o abraçava, está tão presente, mas tão ausente. A noite, de madrugada, as vezes alguém vai usar o banheiro, e penso que é meu pai, acordado ainda. Ele sempre dormia tão tarde. E até me lembrar de que não é ele, que ele não está mais aqui, eu custo a aceitar. Mas aos poucos a gente vai se acostumando. Aparentemente minha mãe já entendeu a nova situação, apes

Retrospectiva 2016

E esses dias eu chorei. Chorei como um bebê. Chorei como há tempos. Porque fiz a retrospectiva mental do ano. É só conseguia sentir falta do meu pai. Geralmente o ano novo passávamos nós. Em casa. Dessa vez... Estava um buraco. Agora estou casada há dois meses. Fiquei pensando em como poderia ser o ano novo. Tinha esperanças de fazer esse ano novo com a família do meu pai. Já que o natal passamos (Fabi, mamãe tb) com a família do meu marido. Mas, aconteceu que decidiram não fazerem grandes festas. Já que haviam feito o natal em família fizeram o ano novo com outras famílias. Então ficamos sem destino. Particularmente me senti bem desamparada. Tomei o sentimento de desamparo pela minha mãe e minha irmã. O Edson tinha uma possibilidade de destino. A família da mãe dele iria se reunir. Então a semana que antecedeu o natal pra mim foi muito tensa, a pior, aguardava convites pra minha mãe e irmã terem destino mas nada... Comecei a ter até crises de ansiedade, choros, to

Depressiva

Depressiva Tensão, dor de cabeça, dor nos ombros. Olho a vida com uma névoa, angústia e incertezas. O que era pra ser celebrado virou luto. E como de fosse um sentimento bipolar eu navego entre os altos e os baixos dos sentimentos. Agora estou em baixo... Abatida. Tento me virar com um vício aqui, outro lá. Uma taça de vinho cheia, alcançando meia garrafa escondida dos olhos abatidos de minha mãe, afinal, pra que amargura-la ainda mais? Poderia estar com os amigos, mas as pessoas não gostam do cheiro do luto, bem mais divertido estar com gente feliz. Poderia falar da angústia de ver o dia dos pais chegando, mas começar a transcrever algo sobre, me faz ficar com a boca seca, o peito apertado, e uma lágrima escorrendo do canto do olho. Não... Vou só sentir, por enquanto é isso. Sentir e tentar não maltratar as pessoas ao meu redor com minha própria angústia revelada em raiva pras pessoas ao redor. Talvez devesse fazer terapia por um tempo... Alguém pelo menos se beneficia

Vulnerabilidade

Estou estudando um pouco sobre esse tema: Vulnerabilidade. Vulnerabilidade é aquela sensação de medo de ser descoberto, ou se colocar no ridículo. Todo mundo já se sentiu vulnerável alguma vez. Não há problema nenhum nisso. O problema aparece quando as pessoas criam um arsenal para se protegerem de qualquer situação que crie a sensação da "nudez" da vulnerabilidade. Pessoas que ficam sérias demais pra tentarem camuflar sua personalidade por medo de se sentirem vulneráveis, pessoas que vivem temerosas em serem perfeitas perante a sociedade na vdd estão presas à esse medo. É interessante esse estudo, e a maior especialista nessa área é a Dra Brené Brown. Comprei um livro dela, maravilhoso, chamado: "Coragem de ser imperfeito". No seu estudo ela chegou à conclusão que o segredo das pessoas plenas (felizes, satisfeitas) é de aceitarem suas imperfeições, pessoas que lidam bem com situações que se sentem vulneráveis. Mesmo numa situação que elas expõem sua opinião e s