Por outro prisma.

Respeito muito a opinião do meu marido.

Casei com ele pela admiração extrema por ter ao lado alguém com um coração tão bom, ser tão bem humorado e ainda assim centrado nos pensamentos e atitudes.

Ele é assim. E minha opinião sobre ele, e admiração não mudaram. Ainda tenho certeza de ter me casado com o melhor homem que conheci.

Conversando com ele sobre dois assuntos, vi como meu modo de pensar estava muito limitado ao vitimismo ao invés de enxergar além de mim e das minhas necessidades.

Percebi que preciso aprender a ver como meu pai se foi de maneira tranquila e ser grata por isso.
Em casa, com a família, sem passar longo tempo em hospital, sem sofrer por um longo período, foi repentino. Ele estava feliz, estava sendo cuidado, paparicado. Não foi abandonado, estava em paz e bem.

A dor foi minha, da minha família, dos seus irmãos, mas ele... Ele estava bem e assim ele foi.

A salvação dele, só Deus sabe.
Eu não posso viver me martirizando, eu acho que nem é isso que Deus quer de mim.

Isso foi o que meu marido me aconselhou.
E por ele e a família já terem passado por uma perda muito pior, eu sei que ele entende. E a opinião dele é valida.

Minha mãe também é a melhor, seu coração é leve. Ela sente a dor. Mas ela vê um plano amoroso de Deus em todo esse processo, mesmo que doloroso. Então ela sente paz.

Com esses dois suportes e conselheiros, olha, não tem como não ser fortalecida.

Outro assunto que falei com meu marido é referente a uma questão que fiz, meio "abstrata". Mas por ele me conhecer (melhor do que eu gostaria que ele conhecesse rs), a resposta foi a melhor (e não o que eu gostaria de ouvir pra sentir melhor, mas foi a necessária).

Perguntei: "E quando estamos fazendo uma coisa bem feita, precisamos provar pra uma pessoa o que estamos fazendo?"
Ele disse num seco: "Não"
- "Mesmo quando o outro não acredita que você faz?"
- "O que você faz, por quê você faz?"
- "Porque é a coisa certa a se fazer"
- "Então esse motivo basta. Não precisa mostrar. Faz, porque é o certo a se fazer".

E... Finish

A conversa acabou e eu fiquei com a mente vagando. Fiquei pensando em como eu tenho essa necessidade de provar o que eu faço, eu que faço, mostrar meu potencial pra o outro ver.
Não me contento em olhar e pensar: "Fiz o certo, fiz uma coisa boa". E isso bastar em si mesmo. Eu preciso mostrar que eu consigo, que eu sou boa nisso.
Eu devo ser igual aquelas pessoas que tiram selfies dando esmola para o mendigo.
Uma carência.

E eu olho para o meu marido, e o vejo livre. Livre disso. Feliz em fazer o que agrada a Deus, sem holofotes, sem aplausos.
Feliz em fazer o certo é isso basta.

Que Deus me ajude.
A ser livre da necessidade de aceitação.
Da necessidade de querer reconhecimento.
Quem é assim é escravo dos elogios e das criticas também.
Que Deus me livre do que é "fake", do que é hipocrisia.
E me dê esse coração de fazer o que é bom, é excelente, pelo prazer de fazer o que é certo, e bom, e excelente.

Assim, o "Pai que vê em secreto recompensará".
Deus é um Deus de Secretos.
Que ensina a ajudar na surdina, a orar no quarto fechado, a dar esmolas sem que os outros vejam.

Meu marido é assim. Ajuda sem esperar sem visto, elogiado. Ele não tem necessidade disso.
Acredito que Deus que recompensa o secreto, tem muita alegria ao ver o comportamento dele.

E assim, aprendo a ver a vida por outro prisma,  que me eleva, e que me faz ser menos vítima e mais autora da minha história.
É claro, com Deus guiando os passos, ele sabe como será a trajetória.

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